Thursday, December 18, 2008

Narcisos are back: Nick Ellis para pior cantor do ano

Este cantinho cheio de teias foi o meu primeiro endereço eletrônico ever, guardado a sete chaves. Tenho o maior orgulho de reabrir as portas deste jardim secreto para ajudar o meu amigo Nick Ellis. Ele é meu candidato favorito a vencedor do Desafio LG.
Se você quiser me acompanhar na luta, basta publicar o vídeo em que o Nick dubla Toni Braxton em Unbreak My Heart, abaixo, em seu blog também. Espalhe o mico e ajude o Nick a ganhar esta parada.

Monday, April 02, 2007

FIM

Toda história um dia chega ao fim.
Esta história morreu de morte morrida há mais de um mês.
Faltou coragem para admitir?
Não. Faltou foi empenho para reconhecer.
FIM. Finito est.

Monday, December 18, 2006

Preview

Vou encontrar narciso semana que vem.
Disfarço-me de eco?
Me engalano com uma escolta?
Pulsos, pensamentos, pulsos

Monday, July 25, 2005

Eco

Eu sou um vento
ventania
me revisitando na vida
brisa
me levando à frente
sopro
embalando semente solta

vento, brisa, ventania
um canal pra correria
vento, pulso, vento, pulso
vai e vem, vai e vem

Wednesday, March 23, 2005

Eco e Narciso

Eco era uma bela ninfa, amante dos bosques e dos montes, onde se dedicava a distrações campestres. Era favorita de Diana e acompanhava-a em suas caçadas. Tinha um defeito, porém: falava demais e, em qualquer conversa ou discussão sempre queria dizer a última palavra.
Certo dia, Juno saiu à procura do marido, de quem desconfiava, com razão, que estivesse se divertindo entre as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu entreter a deusa, até as ninfas fugirem. Percebendo isso, Juno a condenou com essas palavras:
– Só conservarás o uso dessa língua com que me iludiste para uma coisa de que gostas tanto: responder. Continuarás a dizer a última palavra, mas não poderás falar em primeiro lugar.
A ninfa viu Narciso, um belo jovem, que perseguia a caça na montanha. Apaixonou-se por ele e seguiu-lhe os passos. Quanto desejava dirigir-lhe a palavra, dizer-lhe frases gentis e conquistar-lhe o afeto! Isso estava fora de seu poder, contudo. Esperou, com impaciência, que ele falasse primeiro, a fim de que pudesse responder. Certo dia, o jovem, tendo se separado dos companheiros, gritou bem alto:
– Há alguém aqui?
– Aqui - respondeu Eco
– Vem!
– Vem! - respondeu Eco
– Por que foges de mim? ­- perguntou Narciso.
Eco respondeu com a mesma pergunta.
– Vamos nos juntar – disse o jovem.
A donzela repetiu, com todo o ardor, as mesmas palavras e correu para junto de Narciso, pronta para se lançar em seus braços.
– Afasta-te! – exclamou o jovem recuando – Prefiro morrer a te deixar possuir-me.
– Possuir-me – disse Eco.
Mas tudo foi em vão. Narciso fugiu e ela foi esconder sua vergonha no recesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, o seu corpo definhou até que as carnes desapareceram inteiramente. Os ossos transformaram-se em rochedos e nada mais dela restou além da bela voz. E, assim, ela ainda continua disposta a responder a quem quer que a chame e conserva o hábito de dizer a última palavra.
A crueldade de Narciso nesse caso não constituiu uma exceção. Ele desprezou todas as ninfas, como havia desprezado a pobre Eco. Certo dia, uma donzela que tentara em vão atraí-lo implorou aos deuses que ele viesse algum dia a saber o que é o amor e não ser correspondido. A deusa da vingança ouviu a prece e atendeu-a.
Havia uma fonte clara, cuja água parecia de prata, à qual os pastores jamais levavam rebanhos, nem as cabras monteses freqüentavam, nem qualquer um dos animais da floresta. Também não era a água enfeada por folhas ou galhos caídos das árvores; a relva crescia viçosa em torno dela, e os rochedos a abrigavam do sol. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça e sentindo muito calor e muita sede. Debruçou-se para desalterar-se, viu a própria imagem refletida na fonte e pensou que fosse algum belo espírito das águas que ali vivesse. Ficou olhando com admiração para os olhos brilhantes, para os cabelos anelados como os de Baco ou de Apolo, o rosto oval, o pescoço de marfim, os lábios entreabertos e o aspecto saudável e animado do conjunto. Apaixonou-se por si mesmo. Baixou os lábios, para dar um beijo e mergulhou os braços na água para abraçar a bela imagem. Esta fugiu do contato, mas voltou um momento depois, renovando a fascinação. Narciso não pôde mais conter-se. Esqueceu-se de todo da idéia de alimento ou repouso, enquanto se debruçava sobre a fonte, para contemplar a própria imagem.
– Por que me desprezas, belo ser? – perguntou ao suposto espírito – Meu rosto não pode causar-te repugnância. As ninfas me amam e tu mesmo não pareces olhar-me com indiferença. Quando estendo os braços, fazes o mesmo, e sorris quanto te sorrio, e respondes com acenos aos meus acenos.
Suas lágrimas caíram na água, turbando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
– Fica, peço-te! Deixa-me, pelo menos, olhar-te, já que não posso tocar-te.
Com estas palavras, e muitas outras semelhantes, atiçava a chama que o consumia, e, assim, pouco a pouco, foi perdendo as cores, o vigor e a beleza, que antes tanto encantara a ninfa Eco. Esta se mantinha perto dele, contudo, e, quando Narciso gritava: “Ai, ai”, ela respondia com as mesmas palavras. O jovem, depauperado, morreu. E, quando sua sombra atravessou o rio Estige, debruçou-se sobre o barco, para avistar-se na água.
As ninfas o choraram, especialmente as ninfas da água. E, quando esmurravam o peito, Eco fazia o mesmo. Prepararam uma pira funerária, e teriam cremado o corpo, se o tivessem encontrado; em seu lugar, porém, só foi achada uma flor, roxa, rodeada de folhas brancas que tem o nome e conserva a memória de Narciso.


Livro de Ouro da Mitologia, História de Deuses e Heróis, Thomas Bulfinch, Ediouro, 2001. P. 124 e seguintes

2. Seguir passos

Era um hábito. Gostava da tal “última palavra”. Há tempos uma sábia amiga sábia já havia avisado: o importante é a primeira palavra. Ela tem a força de mudar direções, inventar novos caminhos. A informação ficou ali, como um livro que às vezes acena da estante, a pedir releitura. Uma experiência tomando pó na estante da memória.
Sua vida seguiu. Trabalhos, encontros, desencontros, amores e desamores foram criando camadas, inventando jeitos, criando corpo. Fez amigos, criou raízes, juntou gatos. E, um dia, se encontrou com um homem aos pedaços.
O amigo virou namorado, que virou ex-namorado, que virou namorado, que virou ex-namorado. Ela, a bela, a cada encontro ficava feliz por (finalmente) achar o amor. Vestida com roupa de alma gêmea, enrolada no xale do querer acertar, movida pelo sonho de, finalmente uma família, rendeu-se.
No reencontro, alegria. Tropeço e choro. Pulso, pulso, pulso. Beijos, abraços, danças. Encontros, muitos encontros. Tropeço de novo – e peço um tempo. Continuo tentando alcançar os passos largos, sigo atrás, como se fosse um corpo sem alma, uma alma sem objetivo, um ser sem vontade.
Quero mas não manifesto. Não encontro dentro de mim os gestos, as falas, um vazio espichado, encravado. Tento dançar – mas depois de certa altura, tem um quê de competição. Falta chão, falta informação, não há comunicação, nenhum tempo em comum.
A vida atropela, rápida, a necessidade de solidão. Medo de me entregar – ele já me largou uma vez, diz o aviso no pano de fundo... Tem coisas que ninguém esquece, mesmo querendo.

1. A primeira palavra

O telefone tocou. “Olá!”, disse a voz conhecida, amistosa e alegre. Era o primeiro dia de alegria depois do luto. “Vamos tomar um sorvete?”, perguntou. A frase saiu leve e solta: “Claro”, respondi.
Telefone desligado, mulher no espelho. Perfume atrás das orelhas e nos punhos, chegou o visual. Continuou o que estava fazendo, levemente intrigada pelo súbito interesse depois de tanto tempo.
Vinte minutos depois, o interfone tocou. Ela desceu tranqüila na saia preta e na camiseta de girafa. Entrou feliz no carro estacionado na porta de casa. Encontraram-se. Alegria, leveza, carinho, sorriso. Os olhos brilharam.
No carro, a dúvida ficou: onde vamos tomar sorvete à meia-noite? Susto! Ela não tinha se dado conta da hora. A velha rua, tão conhecida, se tornou estranha. Os dois foram conversando Haddock Lobo abaixo. Dois velhos amigos se revendo...
Ele: uma idéia...
Ela: o quê?
Ele: surpresa
O carro, todo batido, sujo, caindo aos pedaços, parou na porta do hotel Unique. Ela sorriu. Rumo ao céu, comentários são roupas, carros, a diversão de parar num lugar como aquele com aquele carro, vestido com a primeira roupa que achou, sem banho... No bar, a velha luta por espaço numa sexta à noite. Nenhum lugar vazio, só no deck. Apesar da vista encantadora, da piscina incensada pela Wallpaper, uma brisa fria e constante colocou a friorenta mulher pra dentro das paredes envidraçadas. Os dois conseguem uma mesa no restaurante. Ele pede um prosecco, investiga o cardápio. Vegetariano, acaba com uma pizza minúscula e cara, mas interessante. Eles bebem uma garrafa, vem outra. Ela sorri, os olhos brilham, eles contam suas histórias, dividem conquistas, falam de sonhos, fazem um balanço do ano. Os pulsos se entrelaçam, a atração fica solta com o álcool e a alegria. Pertinho, eles trocam um beijo na boca, a velha falsa intimidade se refaz, rápida, como se nunca tivesse deixado de existir. Ele chama e ela vai.

4. Desencontros – Uma carta

M.
Fica uma sensação de que tomei uma má decisão ao topar a tua idéia de jerico: terminar de novo. Pura falta de opção. Agora eu sei: estava entalada.
Depois de 3 semanas praticamente sem falar contigo, ressurge a vontade de construir contigo – fonte de minha angústia e das reações loucas que tive durante os últimos tempos.
Nesse tempo longe, fica a certeza de que este é outro tipo de rompimento, diferente do primeiro que fizemos.
Eu sei que não quero uma vida apartada de ti. E agora, no meio dessa “nova vida” que estou construindo, sinto como se cada minuto nos separasse mais...
Foi enorme o trabalho pra poder falar, o medo é gigante e já não importam os riscos. Sei que tenho vontade/disponibilidade/desejo pra viver contigo o que houver: um namoro, uma vida.
Ficou claro, também, o quanto tenho pra aprender: a confiar, a aceitar, a me entregar. Também tenho que aprender a conhecer melhor meu próprio tempo. A sair do lugar infantil que perde a direção e tomar minhas decisões em mim. E não achar que ter o meu próprio caminho invalida estar ao lado do seu – e entender que os dois podem, sim, acontecer juntos, tanto em paralelo, nas direções que cada um achar melhor, como juntos, sempre que for possível e desejado.
Descobri coisas a meu respeito das quais não me orgulho: uma rigidez absurda, uma inflexibilidade monumental, um não-olhar horroroso. A reprodução automática de modelos nos quais não acredito e que não desejo pra mim.
Com a distância vieram insights bacanas a respeito de nós dois e de você, mas principalmente sobre mim mesma.
Me descobri viciada na minha solteirice, o quanto é difícil relaxar e confiar. Não só com você: no trabalho, com amigos, na minha família. Corto tudo o que chega muito perto – e depois sofro porque está longe. Daí sai aquela frase: “louco conseguir o que se quer”, que escrevi quando a gente conversou pela última vez.
Isso tudo são só vislumbres de mim, revelados pelo meu afastamento e pela imensa falta que sinto de ti – que me faz querer melhorar, mudar, transformar. São novos caminhos nos quais pretendo me afundar, pelo meu próprio bem.
Tenho medo, muito medo. Principalmente da tua resposta/reação. Mas é preciso ir em frente, olhar e ver, ser flexível e aprender a lição: dar, receber e me recolher quando for minha hora; manter o meu fio de pensamento e ao mesmo tempo estar aberta. Enquanto escrevo isso endureço, tento controlar o tremor e a emoção – até agora esse tem sido o meu jeito de ir em frente...
Para mim, é como estar frente a frente com os 12 trabalhos de Hércules. Mas é o que quero, o que preciso fazer agora: descobrir novos e outros caminhos pra ir em frente.
Não sei o que realmente está acontecendo contigo, tenho plena consciência que não sei em que ponto da tua história você está. Sei que você pode querer caminhar sozinho. E aí aparece uma outra mulher querendo “subir no salto”, como você diz. Tenho medo que isso aconteça caso eu tente te encontrar pra dizer o que estou sentindo. Aí resolvi confiar em mim e escrever.
“Não há sujeito objetivo”. A frase ecoa na minha mente. Portanto, só existe o M. que eu consigo perceber com os meus recursos. Eu admiro e respeito desse homem que me aparece, adoro conversar com ele, estar com ele. Sinto falta dos beijos dele, do abraço, do cheiro (sem perfume), da pele. E gostaria de continuar a viver ao lado dele todos os momentos disponíveis – medíocres, dolorosos, bacanas e magníficos. O espectro inteiro que há para este homem e esta mulher viverem. Se ele também quiser/puder.

A resposta? Silêncio...
(Set/2004)

3. Impaciência e frustração

A raiva sobe, quente. Explode em prazer ao descobrir que estou viva, sou interessante, que há outros horizontes. No meio da conversa com a amiga, as palavras dispersam a energia. E eu tento agora retomar. Não quero assim. Não quero ser maltratada, nem objeto e utensílio.
Estou largada, sem limite, fora de mim. Quero controlar, não suporto a sensação de que está tudo fora do lugar e eu não posso arrumar nada.
Hoje a história pegou quando eu saquei a minha atitude na noite de ontem: passiva, aceitando na boa, sem colocar limite. A raiva me faz crescer, dói nas costas. Em compensação, o ex-namorado, querido, reaparece, bonito, cobrando a presença (minha) que não aconteceu, convidando para um café da manhã. Deu ânimo, encheu de adrenalina, me lembrou dos 22, quando enchia o buraco com o próximo. Duro é que com 37 eu sei que o buraco não pode ser tampado pelo outro. E procuro, meio desesperada, o único colo em que consigo confiar: o teu.
Só consegui me reconhecer à custa do latim da amiga, que sacou o quando estava me sentindo pior que ele. E isso dá uma vergonha enorme de mim mesma.
Sei que estou apendendo, com todas as penas que vêm junto, com os meus desejos e medos, as falhas (que reconheço tão rápido), os acertos (nos quais dependo de terceiros, já que não os percebo).
Como construir essa mulher? Como bancar as minhas decisões, com o medo enorme e fundo, de perder, de desencontrar, de reviver todas as dores e não ter nenhuma alegria no contraponto?
E enquanto tudo isso se move dentro de mim, pego o tabuleiro de jogo para a filha dele... aiaiai, que sensação de estar tudo errado e fora do lugar. (14/10/02)

Sabe o que me deixa puta? É o fato de ter gás pra tudo: cliente, amigos, filhas, cachorro, empregado, ex-mulher, amigos. Aí chega a noite, vc fica puto e quem dança? EU!
Sinto que se eu não for atrás, não rola
Sinto que eu passo mais tempo na tua casa do que você na minha.
Sinto que já fiquei amiga de seus amigos (ou pelo menos os conheço) e você não se relaciona com os meus. Tudo isso é injusto para caramba, grita a cabeça - e eu não vou falar nada, vou ficar bem na minha, como fiz a semana toda. Eu estou grávida de mim, cheia de projetos que quero concretizar, pensando mil coisas. E queria ficar grávida de nós dois, com projetos comuns, sonhos, etc. (7/11/02)

5. Enlouquecer de si

Mergulho no teu silêncio como num mar de dor. A pele se eletriza com a dor, a raiva, a frustração. Há um nó em um canto de mim. Cheia de imagens de infância que me tomam e paralisam, quero voltar atrás, me deixar navegar pela vida – e, no entanto, fica o fugir, a solidão de quem tem medo de viver.
Pura loucura. Pura perdição. Tomada por algo externo, perco o pé, saio de cena. A pele continua elétrica. Algo dentro, macio, suave, quer aconchegar, fazer ninho. Por fora, puro espinho.
Amo e, em vez de dar carinho, bato. Os braços se movem como pás contra o ser amado. Coração acelerado, estômago apertado, boca travada. A vontade de cuspir toma conta. A vontade de morrer reaparece. O peito endurece, o pescoço se estica, a cabeça se fixa. A barriga, estéril, se torna incapaz de acolher novidades.
O resultado são noites insones e dias improdutivos. Dias passam sem sentido, em meio ao sono, à raiva, à dor. Tudo cala lá dentro.

M.
Preciso te dizer: quero viver contigo pro resto da minha vida. Ajudar teus sonhos a se tornarem reais, partilhar contigo a construção dos meus.
Ao mesmo tempo, tenho medo desse enorme buraco escuro que existe dentro de mim, que parece um saco sem fundo.
Enquanto isso sonho com uma vida ao seu lado – inteira, feliz. Quero plantar contigo, quero construir contigo, quero viver contigo as dores e os prazeres que a vida trouxer. Não entendi nada do que aconteceu ontem. Não tenho nenhum registro. Mas entendi a tua dor. Melhor que isso: senti a tua dor. Vou descansar um pouquinho, tentar me cuidar. Depois a gente pode conversar de novo?
Beijos
L.
30/07

6. Morrer – e renascer flor

Não chegamos ao final do quinto mês. Aborto prematuro da relação, a meu ver. Impossibilidade total de M., segundo ele mesmo. Não importa o que ele tenha dito, o tamanho do querer só faz machucar. Sem contato, notícia, em silêncio, choro minhas dores, tento conter minha vida, seguir em frente.
Só deus sabe o quanto dói. Hoje me entoquei, não tive coragem de encarar o mundo só eu, cara e coragem. Pra quê? Fiquei aqui, arrumei umas coisinhas, teci mais um pouco – preciso comprar mais fita – e empastelei na frente da TV.
Dei um perdido em duas amigas
Escrevi quatro linhas: Achar uma forma para a dor
Escrever, se jogar no sofá, dormir fora de hora, chorar.
Ouvir música, tentar conter uma dor sem tamanho, cruel. Perdida, preterida, abandonada. Raiva? Muita. Vontade de matar, de bater, de amassar. Medo de ter que encontrar e foi isso que me segurou aqui dentro hoje. No meu castelo nada pode me atingir, ele não pode me alcançar, nem me machucar. (09/02/03)

Assim Caminha a Humanidade
(Lulu Santos)

Ainda vai levar um tempo
Pra deixar o que feriu no vento
É natural que seja assim
Tanto pra você
Quanto pra mim

Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de gorila e sem vontade

Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais

7. Muitos Fins

Encontro com M. num aniversário. Me preparo. Quero estar linda, radiante. Ao chegar, a velha queimação me frita. Cumprimento todos e ignoro M. Fiquei na minha, conversei com as outras pessoas, fiz outros encontros. E até mesmo olhei dentro dos olhos dele, sem dureza, em paz, mas distante. Não quis contato. Foi difícil chegar lá, sustentar a excitação... fui, vivi e me sinto vitoriosa.
Na terapia, contei a história do meu ex-marido. Momento doce, de reencontro com o sumido do Flávio. Achei nossa parceria, nossos encontros, nosso desencontro, nossa cama sempre quente e pronta pro sexo. A felicidade é possível – exatos dez anos depois!