Wednesday, March 23, 2005

3. Impaciência e frustração

A raiva sobe, quente. Explode em prazer ao descobrir que estou viva, sou interessante, que há outros horizontes. No meio da conversa com a amiga, as palavras dispersam a energia. E eu tento agora retomar. Não quero assim. Não quero ser maltratada, nem objeto e utensílio.
Estou largada, sem limite, fora de mim. Quero controlar, não suporto a sensação de que está tudo fora do lugar e eu não posso arrumar nada.
Hoje a história pegou quando eu saquei a minha atitude na noite de ontem: passiva, aceitando na boa, sem colocar limite. A raiva me faz crescer, dói nas costas. Em compensação, o ex-namorado, querido, reaparece, bonito, cobrando a presença (minha) que não aconteceu, convidando para um café da manhã. Deu ânimo, encheu de adrenalina, me lembrou dos 22, quando enchia o buraco com o próximo. Duro é que com 37 eu sei que o buraco não pode ser tampado pelo outro. E procuro, meio desesperada, o único colo em que consigo confiar: o teu.
Só consegui me reconhecer à custa do latim da amiga, que sacou o quando estava me sentindo pior que ele. E isso dá uma vergonha enorme de mim mesma.
Sei que estou apendendo, com todas as penas que vêm junto, com os meus desejos e medos, as falhas (que reconheço tão rápido), os acertos (nos quais dependo de terceiros, já que não os percebo).
Como construir essa mulher? Como bancar as minhas decisões, com o medo enorme e fundo, de perder, de desencontrar, de reviver todas as dores e não ter nenhuma alegria no contraponto?
E enquanto tudo isso se move dentro de mim, pego o tabuleiro de jogo para a filha dele... aiaiai, que sensação de estar tudo errado e fora do lugar. (14/10/02)

Sabe o que me deixa puta? É o fato de ter gás pra tudo: cliente, amigos, filhas, cachorro, empregado, ex-mulher, amigos. Aí chega a noite, vc fica puto e quem dança? EU!
Sinto que se eu não for atrás, não rola
Sinto que eu passo mais tempo na tua casa do que você na minha.
Sinto que já fiquei amiga de seus amigos (ou pelo menos os conheço) e você não se relaciona com os meus. Tudo isso é injusto para caramba, grita a cabeça - e eu não vou falar nada, vou ficar bem na minha, como fiz a semana toda. Eu estou grávida de mim, cheia de projetos que quero concretizar, pensando mil coisas. E queria ficar grávida de nós dois, com projetos comuns, sonhos, etc. (7/11/02)